segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Limites


O desejo de um ano bom e diferente trouxe consigo a reflexão sobre limites.
Qual o nosso limite? Qual o limite das pessoas que nos cercam??
Mas será que as perguntas a serem feitas são essas mesmas?
Tentar compreender a subjetividade dos limites pode nos levar a um longo caminho.
Demarcar, lindar... esse é o espaço, essa é a área permitida, para nós e para os outros...
Determinar as proporções... isso pode muito, isso pode mais ou menos, isso pode pouco...
Estipular...esse é o momento, essa é a hora, esse é o prazo...
Contentar-se... é assim, não conseguimos, não mudamos...
Posta essa subjetividade onde encaixamos nós e os outros?
Qual o limite dos bons sentimentos?
Qual o limite dos maus sentimentos?
Esse emaranhado de sentimentos demonstra a complexidade das relações em que estamos envolvidos. Até onde podemos ir em nome dos nossos sentimentos? Até onde podemos ir em nome dos sentimentos alheios?
O encontro desses respostas podem estar guardados num pequeno baú do que somos e do que queremos ser. De que tipo de relações queremos manter ou das relações quais queremos nos afastar. O sentimento de pertence, de cuidado e de bem querer é um importante balizador de limites desde que esses sentimentos estejam norteados pelo respeito...a você e ao outro.

terça-feira, 26 de julho de 2011

A Inveja

Gosto muito de ler, mais ainda de refletir a cerca do que estou lendo.
Ler para mim é uma busca para respostas que estão no infinito de nossa alma. Acredito que diariamente tentamos, de forma incansável, controlar os monstros que habitam em nosso intimo. Ao ler Shakespeare o referencio como o autor que disseca de uma maneira extraordinária a alma humana e quando digo isso falo sobre a parte mais perturbadora de nossa existência, os extremos que fazem de nós anjos ou demônios.
Esses extremos, oscilantes entre o amor e o ódio, são nada mais que os reflexos dos nossos mais básicos instintos os quais controlamos diuturnamente. É fato, o autocontrole faz de nós a imagem mais necessária e adequada aos ambientes de nosso convívio.  
O que faz uma pessoa ignorar sua própria luz e seus próprios caminhos em detrimento da luz e dos caminhos do outro?
Invidere” – não ver, esse é o principio básico desse sentimento, não vejo o que sou e o que posso, quero ser o que você é e o que você tem. O não ver está acompanhando, geralmente, da insegurança, da baixa estima, do medo e da crueldade.
Sim, da crueldade! O não ver impossibilita o crescimento e isso incita o “cego” a tentar ser ou ter o que é do outro das maneiras mais cruéis, tentando torná-lo invisível. Constuma-se dizer dos incompetentes – a inveja é sua arma.
Assim como cada galho, cada folha e cada flor, em uma árvore, têm sua função bem definida, nós temos o nosso lugar no universo.
Vale à pena iniciarmos uma jornada interna e descobrirmos onde está a nossa luz, voltar o nosso olhar para a nossa capacidade. Perder o medo e deixar de lado a insegurança. A descoberta de um eu possível é o caminho para a crença em nós e no outro.
A harmonia entre os seres é o caminho natural da humanidade.
Descubra você! Descubra o outro!
Veja você! Veja o outro!
Seja você!
Axé!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

A incondicionalidade da morte!

Parar e refletir sobre esse assunto é inquietante. Quando falamos de algo incondicional, lembramos logo do AMOR - sem restrições ou limites, um amor pleno ilimitado. 

No entanto, agora, minha reflexão é sobre a incondicionalidade da morte. Para tal acontecimento não há restrições, não esta sujeito a condições, é um estado absoluto de possibilidades plenas, ilimitadas.

Para nós, adeptos do Candomblé,  o momento da morte não está ligado a extinção  da vida, é mais um momento de equilíbrio da vida, um momento de transformação,  no qual a matéria carnal retorna ao universo e a alma ao sistema espiritual.

O fortalecimento da fé, em nossa caminhada terrena, é que permitirá essa compreensão no momento da perda. Os caminhos trilhados nessa jornada nos permitirá transformar a dor em possibilidades ilimitadas de reconhecimento e fé na continuidade universal. Essa continuidade está alicerçada nos pilares da cosmovisão africana - a solidariedade, a fé e a harmonia entre os seres.

Acreditando nesses múltiplos caminhos, na solidariedade, na fé e nas premissas de harmonia entre os seres é que sabemos da sua continuidade em outro plano. Axé!

Este post é em homenagem ao grande homem Raimundo das Neves.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Cartas de amor são ridículas?

Quem nunca escreveu uma carta de amor?
A modernidade nos impulsiona para a ideia da não existência do amor romântico, gentil e desprendido dos interesses. Hoje ama-se por diversas razões menos pela alegria que o amor proporciona. Quando falo de amor romântico não estou falando de Romeu e Julieta nem de Tristão e Isolda. Falo de um amor baseado no interesse pela pessoa, pela alma, pelo cheio, pela amizade, pelo companheirismo.. etc..
Pensando nesse amor um belo dia eu escrevi uma carta de amor ridícula . Antes pensei qual seria a melhor forma de escrever uma carta de amor que falasse do meu amor. Ou que tivesse a cara do meu amor.
Bem, vamos a formula que usei. 
Gosto de poesia e ele também, nada mais justo do que pegar uma palavrinha  ou frases emprestadas dos grandes mestres, e isso vocês verão nas aspas. A partir daí era só deixar o meu amor se declarar...

Começou assim, vou me explicar...

Mesmo tendo a uma quase certeza de que está carta será interpretada como ridícula... Esta é uma carta de amor. Sabe por quê?
“Todas as cartas de amor são ridículas. E não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.”

Resolvi dizer como eu estava me sentindo naquele momento...
Andei por aí triste, tristinha por entender que não era mais “uma menina como uma flor”. No entanto, de repente, mais do que de repente compreendi que é porque eu sou “uma menina como uma flor que cativei o seu coração... e lhe transformei em meu Constante e Fiel Cavalheiro"
Passei muito tempo de minha vida na “ante-sala do grande encontro (com o todo? o nada?).”
E novamente, de repente, mais do que de repente percebe-se que É a experiência de desencontros que ensina o valor dos raros encontros que a vida permite.”

Passei a falar como era o nosso amor, isso sob a minha perspectiva de relação... 

Sabe de que tipo de encontro estou falando????
Aquele que dá medo, insegurança, que deixa agente intranquilo??? Porque em meio a esse corre-corre desumano a que somos submetidos diariamente não existe espaço para encontros como esse: “Encontros verdadeiros são os que se realizam de ser para ser e não de inteligência para inteligência ou de interesse para interesse. Os encontros verdadeiros prescindem de palavras, eles realizam em cada pessoa, a parte delas que se sublimou, ficou pura, melhor, louca.”
É assim que vejo o nosso grande encontro!!!! E por acreditar nessa certeza é que serei sempre “uma menina com uma flor”, e jamais te deixarei sozinho.
Mas também, é por ser uma menina com uma flor, ou quem sabe como uma flor que sinto falta de quando se levanta “para me recolher em seu abraço”.
E por ter certeza do que sinto e como entendo esse sentimento é que “preciso de você do jeito que é sem te aprisionar, eu quero inteiro... Quantos vivem de mentiras dando a impressão que a sua certeza é a verdadeira...”
E ainda mais, tenho a certeza que amo “pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca amo pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.”
Por tudo isso e muito mais, amo, pois “ninguém consegue ser do jeito que o amor da minha vida é”.
E mesmo tendo a compreensão de que vai dizer que é só mais uma carta de amor ridícula, entenda.... nesses tempos onde o amor está fora de moda “Todas as palavras esdrúxulas, como os sentimentos esdrúxulos, são naturalmente ridículas”

E por fim digo...
Mais ainda sendo ridícula prefiro seguir te amando...

Amar é igual a falar a verdade, quanto mais melhor, seguir amando é mais digno do que morrer sem amor. Há quem diga que o amor está fora da moda, perdeu o lugar no corre-corre diário.
Mas quem esqueceu como é bom ver o pôr-do-do sol acompanhado, ouvir uma boa música, dormir de conchinha, ter alguém para rir das coisas ou rir de vocês mesmos, alguém para chorar.
Essas coisas que enriquecem o amor nunca saíram da moda. 
Amar faz bem a saúde, amem, sejam amados.
Amar é ser vivo!

P.s: Se quiserem entender a carta é só lerem os sublinhados.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Sexta-feira!! Dia internacional das amigas, dos amigos.

Depois de passarmos a semana inteira enclausurados em nossas saletas de trabalho, enfim, sexta-feira. Dia de Nossa Senhora da Providência, dia da Armação (vixe, faz tanto tempo que não ouço esse termo) e assim por diante, damos a esse dia o apelido mais carinhoso e mais próximo de nós. Temos em meio aos chops, cervejas, comidinhas e as infinitas opções de bares e botecos a opção mais interessante da “famosa” sexta-feira – o encontro de amigos e amigas. É chegada a hora da filosofia de boteco - “In Vino Veritas” - no vinho está a verdade, ou traduzindo para o bom “botequês” - a cachaça entra a verdade sai. Todo local é ponto de encontro, toda mesa está cheia de burburinhos – é cada conversa cabeluda...ou absurda...ou somente papo furado.

Diante das verdades de sexta, tenho uma confissão e uma homenagem a fazer.... amigos, bebidas, comidas... e lá vamos nós. Após uma taça de vinho, descobri, ou melhor, constatei, minhas amigas e alguns amigos tem cardápio especial junto a mim. A Deusa da cozinha (gostaram da modéstia? kkkk) – a menina de Oyá tem uma mão bem interessante no quesito cozinhar para amigos.

E colocando no Bandeirão de Tempo (com todo respeito a divindade que nos orienta) o meu famoso macarrão é uma receita herdada de minha grande amiga – Gel (Angelmare). Então, vocês que já tiveram a oportunidade de degustá-lo, quando puderem, agradeçam a ela. Amiga – Gel, a você minha pequena homenagem. Mesmo distante, das filosofias de boteco, sei e sinto que esse amor é incondicional e ao primeiro sinal da necessidade da  presença estaremos lá!

Aqui vai para vocês um presentinho, a receita, confesso que por ser carnivóra coloco sempre alguma coisa a mais na receita dela(nessa foi bacon). A receita original é com talharim....como os meus sempre grudam, vamos ao Penne!... sugestivo....

Ao Trabalho – Penne ao molho branco (ao molho da Gel)

Ingredientes:

* 1 Pct de Penne
* 1 lata ou caixa de Creme de Leite
* 1 cebola grande
* 250g de manteiga
* 250g de queijo parmesão ralado
* Manjericão e oregano é opcional.

Preparando:

* Penne cozido ao gosto o freguês (eu odeio all dente)
* Fritar a cebola, na manteiga, até dourar, sem deixar queimar
Penne ao molho branco.
* Acrescentar o creme de leite e o parmesão ralado a cebola dourada, o molho está pronto.

Simples assim – Gel é um gênio – precisam ver, no orkut, as comidas feitas por ela.

Misture tudo e sirva em uma tigela, salpique manjericão fresco.... deguste com calma, aprecie o sabor e o cheiro que emana deste prato. a primeira vez que experimentei essa receita ela teve o sabor de carnaval com as amigas e os amigos. Memorável...corredor da vitória...

Tem cheiro e sabor de amizade! Esse ingrediente, a amizade, essencial para a manutenção do bom estado de espírito! Ter amigos é ter um corpo e uma alma que te fortalecerá nos momentos mais difíceis, te apoiará quando acreditar que tudo acabou. Ter amigos é saudável! Ter amigos significa ter brigas constantes, saudades intermináveis, lembranças ilárias! Ter amigos é ser vivo!
A você amiga – Axé!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Em busca da fé...

"Os princípios éticos e a doutrina dos antepassados africanos, o fascínio causado pela beleza e pelo mistério do mundo dos Orixás, nos leva refletir e a experimentar o aprofundamento sobre nós mesmos.
Uma fé admirável e tão poderosa revelando-se para nós como um exemplo incomparável, preservando a independência do espírito, o pleno processo de individualização e a sintonia com  as forças sagradas da natureza. Nesta passagem de tempo, em que nos sentimos aprisionados pelas adversidades e pressões de um mundo cada vez mais artificial e desumano, é chegada a hora de olhar para a sabedoria que sempre esteve ao nosso lado: o CANDOMBLÉ." (Ligiéro, 2004)
Mojuba orum, (Céu, eu me curvo a vossa frente)
Mojuba ile, (Terra, eu me curvo a vossa frente)
Mojuba ewe, (Folhas, eu me curvo a vossa frente)
Mojuba omi. (Águas, eu me curvo a vossa frente)
Esse foi o caminho escolhido por mim. A menina de Oyá, um dia, será consagrada para essa força da natureza. A fé em elementos que compõe o universo em nossa volta proporciona a sensação de interligação com o todo. Meu Orixá é parte de mim e eu sou parte dela. A sintonia entre o humano e o divino. A aproximação terrena, a admiração e devoção espiritual, nessa fé, correspondem ao fortalecimento do indivíduo e a junção de forças entre o Orum e o Ayê. 
O Candomblé tem Axé - energia vital, tem cor, tem cheiro e tem som.
E a menina de Oyá baila, nesse universo, ao sabor dos ventos. O elemento ar é a força da natureza que Ela representa. O poder da mudança, da transformação,  da coragem para romper as barreiras e acreditar nas mudanças repentinas que Oyá poderá trazer. 
E assim um caminho de fé e força é trilhado por mim em busca da espiritualidade reforçada na força do Axé e na crença dos Orixás.

Axé! Mojuba Oyá!

Salve a Rainha do Mar!

Yemanjá - Yá Ori


http://labaredasafro-ciganas.blogspot.com/2008/06/yemonj-iemanj.html
Aqui, na Bahia, o sentimento de amor por essa Orixá é único. Dia 02 de fevereiro é consagrado a Ela. Já fazem 88 anos e essa manifestação sobrevive imponente como sua homenageada. 
Na minha "roça" Ela é a "Yá Ori" da Casa. Meus caminhos foram a Ti  consagrados pelo Ifá. Mãe da Cabeça, aquela que cuida da cabeça de todos os Orixás.
Mãe das água salgadas. Yemanjá “mãe dos filhos peixes”. Em suas mãos , seu Abebé e sua espada representam a fecundidade dando origem a indivíduos únicos. O movimento das águas é constantemente lembrado em sua dança nos remetendo ao principio dessa Orixá: a fluidez, a fecundidade, a renovação.
"Numa Casa de Santo, Yemanjá atua dando sentido ao grupo, à comunidade ali reunida e transformando essa convivência num ato familiar; criando raízes e dependência; proporcionando sentimento de irmão para irmão em pessoas que há bem pouco tempo não se conheciam; proporcionando também o sentimento de pai para filho ou de mãe para filho e vice-versa, nos casos de relacionamento dos Babalorixás (Pais no Santo) ou Ialorixás (Mães no Santo) com os Filhos no Santo. A necessidade de saber se aquele que amamos estão bem, a dor pela preocupação, é uma regência de Yemanjá, que não vai deixar morrer dentro de nós o sentido de amor ao próximo, principalmente em se tratando de um filho, filha, pai, mãe, outro parente ou amigo muito querido. É a preocupação e o desejo de ver aquele que amamos a salvo, sem problemas, é a manutenção da harmonia do lar." (http://povodearuanda.wordpress.com/2007/11/18/iemanja-2/)
Fica a minha homenagem a essa força da natureza que nos movimenta, nos dá fluidez e nos permite renovar a cada momento. 

Pessoas, assim inauguro as minhas postagens.

Salve a Rainha do Mar! Odoyá!